Normalmente, quem sobe a serra do Centro Fluminense para se aconchegar no charmoso distrito de São Pedro da Serra, em Nova Friburgo, não costuma pensar em boemia. Nem em samba. Muito menos em petiscos apetitosos de balcão, desses tipicamente cariocas, perfeitos para comer ao lado de uma, duas, muitas cervejas geladas e uma ou outra cachaça Fazenda Soledade numa tarde remansa de sábado.
Mas agora vai ficar difícil não pensar.
É que São Pedro da Serra acaba de ficar um pouco menos sossegada com a inauguração do Boteco Babalotim, a versão etílica, musical e concreta – com direito a balcão, mesa, cadeira e uma belíssima decoração de inspiração afro – do delivery gastronômico que o sambista e cozinheiro Rodrigo Carvalho, o Biro, e sua esposa Lúcia Sá, a Sassá, tocam já há algum tempo desde que se mudaram pra lá, em 2021.
Só que agora o bagulho ficou sério. Biro e Sassá acabam de assumir uma das casas mais charmosas do centrinho do vilarejo, aquela de frente para o coreto, que até há pouco tempo abrigava um restaurante português.
Virou boteco. E nesse quesito, o casal ali tem estrada.
Cria do samba e do bar, Biro foi um dos fundadores do grupo Galocantô, e circula com desenvoltura na cena musical carioca há muitos anos. Só que a vida tem dessas coisas. Quando decidiram trocar o agito carioca pelo orvalho serrano, levaram lá pra cima a marca que já tinham criado, a Casa Babalotim, dedicada a fazer comida para fora. Mantiveram o negócio por um tempo, mas o destino foi implacável. No fim do ano passado, receberam o convite para assumir a casinha, que de tão charmosa é atração de São Pedro, recebendo turistas para fotos quase todos os dias. Não puderam resistir.
Agora, o desafio do casal é fazer com que as fotografias da fachada colorida da casa agora virem também lembranças gastronômicas adquiridas dentro do pequeno Babalotim. Inaugurado há poucos dias, o bar é dedicado a oferecer, in loco, as delícias de boteco que o casal gosta de preparar.
Um bar de petisco carioca em plena serra, caro leitor. Aos felizardos que começam a descobri-lo, o Babalotim oferece uma estufa recheada de moela, rabada, chorizo, torresmo, aipim cozido, jiló recheado e um tentador quiabo grelhado com alho. Aos sábados, tem arroz de camarão. Tudo pra comer nas poucas mesas do salão com decoração afro ou de pé mesmo, do lado de fora onde o céu é o limite, e que é a grande graça do lugar. Com vista pro coreto, uma ampola na mão, e com sorte ouvindo um sambinha feito ali no improviso. O tantan do Biro já tá lá, para quem quiser usar. ..
Ainda muito novo, o Babalotim por ora está só sentindo o terreno. Mas a ideia de um dia fazer eventos musicais na praça em frente já começa a coçar. “Um sonho plausível seria trazer gente lá do Rio pra cantar e tocar no coreto”, diz Biro, apontando para a icônica Praça João Heringer, ou simplemsnte Praça do Coreto, que fica bem em frente ao bar. Vale lembrar que São Pedro da Serra tem uma forte tradição musical, perpetuada por músicos de samba, choro e MPB cariocas que, como o sambista Biro, frequentam a vila e têm casa na região.
Por iso, não precisa muita imaginação para prever que, muito em breve, o Boteco Babalotim vai virar referência de música por ali. Alguém tem dúvida? Eu, que conheci o Biro vinte anos atrás numa roda de samba em Oswaldo Cruz, farei questão de subir a serra de novo, pra conferir.